Todos os anos, mais de 9 milhões de pessoas visitam o Museu do Louvre para ver a Mona Lisa. O que muita gente não percebe é que a pintura que vemos hoje pouco se parece com a obra que Leonardo da Vinci pintou 5 séculos atrás.
A Mona Lisa de hoje está manchada
e descolorida, amarelada e escurecida, a tal ponto de não podermos culpar os
observadores que pensarem que ela foi pintada em tons de marrom e verde. É
claro, no entanto, que isso está muito longe das cores vivas e delicadas pelas
quais Leonardo era admirado na sua época.
Desde que Mona Lisa foi pintada, os materiais que Da Vinci utilizou para
cria-la sofreram os efeitos não apenas do tempo, como também de repetidas
tentativas de restauração.
O suporte de madeira encolheu,
produzindo rachaduras. As interações químicas entre os aglutinantes, os
pigmentos e o verniz ao longo do tempo resultaram em alterações em suas propriedades ópticas.
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Eng. Pascal Cotte |
O engenheiro francês Pascal Cotte está entre os poucos privilegiados que tiveram a honra de ver e fotografar a Mona Lisa original no Museu do Louvre, em Paris.
A pintura foi removida da moldura
para permitir que Cotte a fotografasse
com sua câmera exclusiva, construída especificamente para essa finalidade.
As imagens produzidas formaram a
base para o exame científico e a análise da pintura realizados por Cotte,
incluindo a criação de uma enorme cópia em infravermelho.
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Câmera Multiespectral de Pascal Cotte |
Três horas de fotografia resultaram em 13 fotos originais da obra-prima, cada uma com uma extraordinária resolução de 240 megapixels. Cotte pôde criar uma série de imagens utilizando diversos comprimentos de onda de luz, do ultravioleta ao infravermelho.
Utilizando comprimentos de onda
de luz que não podem ser detectados a olho nu, Cotte foi capaz de descobrir
aspectos da pintura que são invisíveis em condições normais.
Mas fotografar a Mona Lisa foi apenas a primeira etapa de um longo processo de análise e verificação que durou mais de 2 anos e que incluiu consultas a especialista na obra.
Reprodução Artística
A Mona Lisa é um enigma que fascinou gerações de amantes da arte. A requintada técnica de Leonardo da Vinci e o uso de veladuras coloridas proporcionaram uma sutileza cromática admirável, mas esse processo é impossível de recriar, tornando a restauração dessa pintura antiga e inestimável um grande desafio.
Além disso, as camadas de verniz
adicionadas ao longo dos anos se mesclaram aos pigmentos e veladuras, o que
significa que qualquer tentativa de remover o verniz pode inadvertidamente
alterar a própria pintura.
Hoje, com a câmera multiespectral de Pascal Cotte e a análise detalhada por
computador, podemos penetrar nas camadas de Mona Lisa sem nem mesmo tocá-la.
Conseguimos reproduzir a
obra-prima com precisão e revelar todos os detalhes de sua história. De maneira
inédita, temos o privilégio de ver a Mona Lisa com cores vibrantes – exatamente
como Leonardo pretendia.
Pigmentos e Aglutinantes
No século XV, havia uma grande
variedade de pigmentos para pintura, produzidos a partir de rochas e minérios
naturais. Vários deles são descritos no famoso Tratado sobre Pintura de Leonardo da Vinci.
Embora as “receitas” variem entre
países e até entre artistas, os componentes básicos dos pigmentos tendem a
permanecer os mesmos.
Os pigmentos eram geralmente
vendidos na forma de pó, que então precisava ser misturado com um aglutinante
para poder ser utilizado como tinta.
Até o século XV, utilizava-se o
ovo como aglutinante, em uma técnica conhecida como “têmpera”. Mas, para a Mona Lisa, Leonardo utilizou um novo
aglutinante à base de óleo, vindo da Holanda, que se pensava ser composto por
óleo de nogueira.
Esse novo tipo de aglutinante
revolucionaria a pintura, dando origem ao que hoje chamamos simplesmente de
“tintas a óleo”.
Lápis-Lazúli – Mais Claro que o Ouro
O lápis-lazúli é uma pedra
preciosa azul que tem sido empregada na pintura desde a Idade Média. Ela é
triturada para formar o pigmento ultramarine, que era tão caro na época de
Leonardo que os pintores costumavam cobrar separadamente de seus clientes ou
pediam para que eles o fornecessem.
Aparentemente, Leonardo dispunha
desse pigmento, pois todo o céu é feito de lápis-lazúli. É um pigmento de um
azul intenso, e contribui significativamente à personagem de Mona Lisa.
Hoje, apenas um fabricante no
mundo produz pó de lápis-lazúli com o grau de pureza daquele utilizado por
Leonardo da Vinci, e o quilo custa aproximadamente vinte mil dólares.
A maioria dos pintores atuais
utiliza uma versão sintética do aquamarine, que é quimicamente idêntico.
Remoção Virtual do Verniz
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Imagens de Mona Lisa em Escaneamento Multiespectral |
Isso significa que o efeito do verniz no aspecto de cada pixel pôde ser isolado e removido digitalmente, proporcionando uma imagem limpa que representa a aparência original de Mona Lisa antes da Aplicação do verniz. O resultado final é surpreendente.
Câmera Multiespectral
Reunimos hoje o maior número de
informações sobre a Mona Lisa graças
às novas tecnologias, que nos proporcionam descobertas sem precedentes sobre a
história dessa pintura. A primeira
câmera multiespectral de alta definição foi inventada pelo engenheiro e
cientista óptico francês Pascal Cotte.
O sistema utiliza projeção de luz
e uma câmera de 240 megapixels para
analisar cada pigmento de uma pintura, permitindo a criação de versões digitais
que revelam suas verdadeiras cores originais. Ele também é capaz de digitalizar
pinturas utilizando diferentes comprimentos de onda de luz para revelar suas
várias camadas, incluindo o que foi pintado em camadas inferiores.
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Quadro: Dama com Arminho Leonardo da Vinci |
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Quadro; La Bella Principessa Leonardo da Vinci |
A tecnologia também tem sido uma etapa fundamental do sucesso do projeto europeu Crisatel, dedicado à conservação de obras de arte. O projeto Crisatel estabeleceu um novo padrão mundial para a digitalização de documentos pictóricos, permitindo que a arte seja preservada e documentada para as gerações futuras.
A Cor nos Dias Atuais
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Mona Lisa em imagem atual Museu do Louvre |
Uma de suas características mais
marcantes é seu olhar, que parece nos acompanhar conforme nos deslocamos da
esquerda para a direita, mas sem nos encarar diretamente. Esse efeito pode ser
um pouco desconcertante e provocou muitas discussões ao longo dos anos.
A paisagem por trás da jovem é
composta de três seções horizontais.
Na altura do seu colo, temos a
seção “construída pelo homem”: uma estrada à direita, um rio e uma ponte à
esquerda.
Na altura do seu pescoço, a
paisagem se torna “mais acidentada”, com um lago profundo e uma floresta.
Por fim, em direção ao topo do
quadro, vemos a paisagem se tornar ainda mais acidentada, com montanhas
rochosas desaparecendo no nevoeiro.
Já se disse que o céu poderia
representar Deus. De fato, muitos acreditam que a paisagem seja muito mais que
um plano de fundo, com instruções filosóficas mais profundas.
Uma Imagem com a Cor Verdadeira
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Imagem de Mona Lisa com a cor verdadeira |
Ao recriar cada um desses
pigmentos com a mesmo aparência que teriam originalmente, foi possível gerar
uma réplica da Mona Lisa que mostra
exatamente seu aspecto no momento em que acabara de ser pintada.
A análise mostrou que o pigmento
utilizado para pintar o céu é composto de uma pedra preciosa azul-escura,
camada lápis-lazúli, misturada com branco de chumbo.
A pele foi pintada com sulfato de mercúrio pulverizado, conhecido como vermelhão, misturado com o amarelo de chumbo e o branco de chumbo. A tinta usada para as mangas também continha branco de chumbo e amarelo de chumbo.
É interessante notar que Leonardo
pintou as montanhas de azul. Isso pode parecer estranho a princípio, mas, na
verdade, as montanhas são pintadas de azul em todas as pinturas de Leonardo,
incluindo a Virgem das Rochas.
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Quadro: Virgem das Rochas Leonardo da Vinci |
“Sabemos que, em uma atmosfera de densidade uniforme, quando observamos as coisas mais distantes, como as montanhas, elas vão parecer azuis em consequência da grande quantidade de atmosfera existente entre elas e nossos olhos”.
Cor Falsa com Infravermelho
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Imagem de Mona Lisa em infravermelho |
O infravermelho não é visível ao
olho humano, mas pode ser simulado com comprimentos de onda de luz visível,
usando dados científicos obtidos a partir da câmera multiespectral.
Aqui vemos uma imagem virtual
representando os resultados do scanner infravermelho de Cotte.
Ao olhar para esta imagem, você efetivamente a vê como se seus olhos tivessem a habilidade sobre-humana de detectar o infravermelho. A primeira coisa que você notará é que o espectro de cores da pintura mudou completamente para vermelho e laranjas.
Mas essa “cor falsa” é apenas um
efeito do infravermelho. Ele também permite que você veja além da camada
superficial visível.
Ocultos sob s superfície
encontram-se os detalhes dos retoques e restaurações, além de desenhos e
pigmentos subjacentes.
Esses detalhes representam os
“segredos” que Pascal Cotte foi capaz de identificar a analisar para nos
proporcionar uma compreensão muito mais aprofundada de uma obra de arte
complexa e misteriosa.
Cor Falsa Invertida com Infravermelho
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Imagem de Mona Lisa invertida com infravermelho |
Nesta imagem, Cotte converteu a
informação em infravermelho e tons de azul, em vez dos vermelhos e laranjas da imagem
anterior, o que revela mais detalhes das áreas escuras e profundas do quadro.
Nenhuma descoberta específica veio da imagem, mas agregou mais um aspecto de uma investigação minuciosa e detalhada, que serviu de base e ajudou a consolidar os 25 “segredos” que Pascal Cotte conseguiu, por fim, compilar.
Preto e Branco com Infravermelho
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Imagem de Monalisa em preto e branco com infravermelho |
Os 25 Segredos Exclusivos sobra a Mona Lisa Escondidos sob sua superfície
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2- O topo do céu passou por uma
restauração, e diversas pequenas alterações podem ser observadas;
3- Uma divisão de 11 cm na placa foi
coberta com duas restaurações sobrepostas;
4- O véu que cobre a cabeça é
composto de duas camadas finas, às vezes descrito erroneamente como sendo uma
touca;
5- A mancha no canto do olho, assim
como um outro sinal, descoberto no queixo, revelou-se um acidente com verniz,
isso contradiz a teoria de que Mona Lisa
tinha colesterol alto;
6- A expressão facial da Mona Lisa, particularmente o aspecto dos
seus olhos, é muito diferente no original em comparação com o que vemos hoje;
7- A redução das rachaduras nos
lábios e olhos sugere uma provável restauração, ou pode refletir o clareamento
do verniz pelo tempo;
8- O rosto de Mona Lisa foi pintado originalmente um pouco mais largo do que
aparece hoje, demonstrando que a pintura atual não é mais a melhor
representação de como Leonardo da Vinci concebeu seus traços e sua expressão;
9- Em particular, seu sorriso é mais
expressivo e mais acentuado;
10- O desenho do véu tem uma
definição muito maior do que na pintura envelhecida que vemos hoje,
demonstrando o esforço de Leonardo em salientar a borda do véu;
11- Vemos a transparência do véu
pintado na paisagem por meio de uma técnica de velatura denominada “glacis”,
demonstrando que Leonardo pintou o véu depois de concluir a paisagem. Esses
dados revelam os detalhes por trás da criação da pintura;
12- Um entrelaçado invisível aparece como
evidência adicional de que o véu foi pintado posteriormente;
13- O desenho preparatório do
entrelaçado é identificável;
14- Também é possível ver a renda no
vestido de Mona Lisa;
15- Alguns pigmentos a óleo se
tornaram mais transparentes com o tempo. Esse detalhe é particularmente visível
nas colunas;
16- Os desenhos preparatórios da
coluna esquerda são revelados;
17- A balaustrada é mais claramente
definida, aparecendo também uma construção com parquê de madeira;
18- Ficam visíveis, através do véu, o
desenho da poltrona e seu braço direito;
19- É possível ver os detalhes do
reparo do cotovelo da Mona Lisa,
realizado depois que um jovem boliviano atirou uma pedra na tela em 1956;
20- Leonardo não concluiu o dedo
indicador da mão direita;
21- É possível identificar onde
Leonardo mudou de ideia quanto à posição do indicador e do dedo médio da mão
esquerda;
22- O cobertor que cobre os joelhos
de Mona Lisa passa por baixo do seu
pulso direito, o que explica a posição elevada do antebraço e o pulso dobrado,
segurando a coberta por sobre o abdômen;
23- Os dedos da mão esquerda seguram
o cobertor sobre os joelhos, com se pode ver pela posição das pregas do
cobertor em relação aos dedos de Mona
Lisa;
24- As pequenas colunas do braço da
poltrona são claramente visíveis;
25- E, para saber uma última
curiosidade fascinante, desconsiderara até recentemente, vá até a seção que
fala sobre os olhos de Mona Lisa.
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